quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Com a bênção de Zé Geraldo


edição e revisão: Marsel Botelho







      O som das águas o cheiro da terra a poesia que vem das cachoeiras







Como sabemos a grandeza de uma pessoa, principalmente em se tratando de um artista? Quando ela, apesar da magnitude de sua arte, ainda cultiva dentro de si a semente da simplicidade. Falo de um mito da música brasileira, Zé Geraldo, que, além de tal qualidade, está abençoando um novo artista, o violeiro, cantor e compositor Francis Rosa, cujas canções, consubstanciadas numa discografia de 6 CDs e um DVD, vêm oxigenar a cena musical brasileira em seu mais novo álbum Caminhada, com participações especiais de Zé Geraldo, Nô Stopa, Folk na Kombi, Tuia Lencioni e Filho dos Livres.

Nascido e criado em Joanópolis (SP), conhecida como “a terra do lobisomem”, o artista fez da Serra da Mantiqueira sua grande inspiração. Sua poesia traz o cheiro da terra molhada por onde caminha a correnteza dos rios e as águas das cachoeiras. Zé Geraldo foi apresentado a Francis pelo produtor musical MICA, desde então, carinho, respeito e cumplicidade entre ambos se fizeram sempre presentes. Os amigos preparam um lançamento em DVD e CD para breve, que receberá o nome Francis Rosa & Zé GeraldoCantos e Versos.

Francis é dono de um timbre que acolhe a alma, voz carregada de puro sentimento. A audição começa com a música título Caminhada (F.R), que é uma declaração às coisas que fazem parte da vida de cada lugar, versos de rara beleza existencial, como a da passarinhada cruzando o céu, a do banho no ribeirão. Destaque para o arranjo de cordas. Em Um dia (F.R), o violeiro, nos acordes de sua viola, questiona a luz e a escuridão que mora no poeta. A primeira participação especialíssima é a de Nô Stopa, que divide os vocais em Coração (F.R), uma moda de viola daquelas que ensinam a sonhar. O cantor e compositor, expoente do folk Tuia Lencioni, participa em dose dupla, fazendo a letra da bela Palavras, além de dividir os versos com o parceiro Francis: “Quero a calma do luar... levitar... eu sonhei/Tenho as asas do pensar... sobrevoar... alcancei/Num abismo de palavras... silenciei.”

Esse não é um disco qualquer. A sonoridade nas cordas quase nos fala e nos remete ao ato existencial mais caro ao ser humano: sua efêmera temporalidade, a transitoriedade das coisas que vêm, assim como vão até o coração. Em O Violeiro e a Viola (Francis Rosa/Maurício Folha Seca), temos a participação de o Filho dos Livres. Francis Rosa aprecia o convívio da família e receber os amigos em seu sítio para cantorias enluaradas, à beira da fogueira, onde fez a canção Bonifácio (F.R) para eternizar o bairro em que reside, seu canto, seu lugar, que foi vestida por letra do amigo Zé Geraldo. Os parceiros do Folk Na Kombi tocam e cantam o velho “Bonifácio”, agora eternizado em uma canção de seu filho ilustre. Em Serrano (Francis Rosa/Rafael Schimidt), a cantoria é instrumental, de viola. Finalizando a audição, ouviremos Sonhos, Mundo Velho Sem Porteira (F.R) e Eu Moro no Morro (Silvio Garcia). Músicas de qualidade, eis a prova.

O nome do show é Zé Geraldo apresenta Francis Rosa, no espaço do Projeto Talento MPB – Bar Brahma, quarta-feira, às 22 h. Av. São João/Ipiranga. São Paulo.




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