edição e revisão: Marsel Botelho
O som das águas o cheiro da terra a poesia que vem das cachoeiras
Como sabemos a
grandeza de uma pessoa, principalmente em se tratando de um artista? Quando ela,
apesar da magnitude de sua arte, ainda cultiva dentro de si a semente da
simplicidade. Falo de um mito da música brasileira, Zé Geraldo, que, além de
tal qualidade, está abençoando um novo artista, o violeiro, cantor e compositor
Francis Rosa, cujas canções, consubstanciadas numa discografia de 6 CDs e um
DVD, vêm oxigenar a cena musical brasileira em seu mais novo álbum Caminhada, com participações especiais
de Zé Geraldo, Nô Stopa, Folk na Kombi, Tuia Lencioni e Filho dos Livres.
Nascido e
criado em Joanópolis (SP), conhecida como “a terra do lobisomem”, o artista fez
da Serra da Mantiqueira sua grande inspiração. Sua poesia traz o cheiro da
terra molhada por onde caminha a correnteza dos rios e as águas das cachoeiras.
Zé Geraldo foi apresentado a Francis pelo produtor musical MICA, desde então,
carinho, respeito e cumplicidade entre ambos se fizeram sempre presentes. Os
amigos preparam um lançamento em DVD e CD para breve, que receberá o nome Francis Rosa & Zé Geraldo – Cantos e Versos.
Francis é dono
de um timbre que acolhe a alma, voz carregada de puro sentimento. A audição
começa com a música título Caminhada
(F.R), que é uma declaração às coisas que fazem parte da vida de cada lugar,
versos de rara beleza existencial, como a da passarinhada cruzando o céu, a do
banho no ribeirão. Destaque para o arranjo de cordas. Em Um dia (F.R), o violeiro, nos acordes de sua viola, questiona a luz
e a escuridão que mora no poeta. A primeira participação especialíssima é a de
Nô Stopa, que divide os vocais em Coração
(F.R), uma moda de viola daquelas que ensinam a sonhar. O
cantor e compositor, expoente do folk
Tuia Lencioni, participa em dose dupla, fazendo a letra da bela Palavras, além de dividir os versos com
o parceiro Francis: “Quero a calma do luar... levitar... eu sonhei/Tenho as
asas do pensar... sobrevoar... alcancei/Num abismo de palavras... silenciei.”
Esse não é um
disco qualquer. A sonoridade nas cordas quase nos fala e nos remete ao ato
existencial mais caro ao ser humano: sua efêmera temporalidade, a
transitoriedade das coisas que vêm, assim como vão até o coração. Em O Violeiro e a Viola (Francis
Rosa/Maurício Folha Seca), temos a participação de o Filho dos Livres. Francis Rosa aprecia o convívio da família e
receber os amigos em seu sítio para cantorias enluaradas, à beira da fogueira,
onde fez a canção Bonifácio (F.R) para
eternizar o bairro em que reside, seu canto, seu lugar, que foi vestida por
letra do amigo Zé Geraldo. Os parceiros do Folk
Na Kombi tocam e cantam o velho “Bonifácio”, agora eternizado em uma canção
de seu filho ilustre. Em Serrano
(Francis Rosa/Rafael Schimidt), a cantoria é instrumental, de viola.
Finalizando a audição, ouviremos Sonhos,
Mundo Velho Sem Porteira (F.R) e Eu Moro no Morro (Silvio Garcia). Músicas
de qualidade, eis a prova.
O nome do show
é Zé Geraldo apresenta Francis Rosa,
no espaço do Projeto Talento MPB – Bar Brahma, quarta-feira, às 22 h. Av. São
João/Ipiranga. São Paulo.
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