Edição e revisão: Marsel Botelho
A arte pela arte
É
uma felicidade infinita, 31 anos depois de assistir no Teatro Apollo em
Palmares (PE) à apresentação do “show” do Quinteto Violado “O Guarani”, registrar
que foi lá a primeira vez que os ouvi tocar, assim como foi o primeiro
deslumbramento musical de um rapaz do interior ao descobrir o que era uma banda
“profissional”, conforme clichê de época. Hoje, mergulho na riquíssima história
desse grupo, que celebra 45 anos de existência. A banda emergiu do cenário
pós-tropicalista (1971), tecendo um cromatismo musical forjado nas experiências
pessoais e intelectuais de seus integrantes, cujo trabalho intenso de pesquisa
fazia com que agregassem os mais legítimos valores de uma vasta cultura popular,
que influenciara o próprio Ariano Suassuna (1927-2014),
que havia fundado, em 1970, o Movimento Armorial do Recife, que pretendia, a
partir de raízes populares, realizar uma arte brasileira erudita, cujo impacto
da proposta reverberava nas mentes criativas e promissoras dos talentosos jovens
artistas do Quinteto Violado.
Inicialmente,
o grupo era formado por Toinho (Antônio Alves, de Garanhuns-PE/1943-2008),
Marcelo Melo, de Campina Grande (PB), Fernando Filizola (Limoeiro-PE), Luciano
Pimentel (Limoeiro-PE) e (Alexandre dos Anjos, Garanhuns-PE), Sando. Em outubro
de 1971, quando a banda se apresentava no Teatro da Nova Jerusalém (Fazenda
Nova-PE), seus integrantes foram chamados de "os violados" por um
grupo de crianças que lá estavam, nascendo daí o Quinteto Violado. Gilberto Gil
os apresentou ao produtor Roberto Santana da Phonogram.
Há
45 anos, esses jovens implantaram uma grande mudança no modo de sentir e
expressar a música do Nordeste do Brasil, descortinando-a ao mundo: Europa,
Ásia e as Américas receberam o novo grupo de braços, olhos e ouvidos bem
abertos. A estreia internacional aconteceu em 1975, no
Mercado Internacional de Disco e Edição Musical (Midem), realizado na cidade de
Cannes, França. A participação no evento resultou no lançamento do primeiro disco
do grupo e do LP "A Feira no Japão".
Na
década de 1990, passou a ser integrado por Toinho (baixo acústico, voz e
direção musical), Marcelo (violão, viola), Ciano (violão, flauta, voz), Roberto
Menescal (voz, bateria, percussão), Dudu (teclado e arranjos). Em maio de 2008,
com a inesperada morte do integrante/fundador da banda, Toinho Alves, o grupo
deu uma pausa nas apresentações, mas logo decidiu voltar aos palcos. Com um
novo integrante, Thiago Fournier (baixo), gravaram o álbum intitulado
"Quinto Elemento". O baixista atual é Sandro Lins.
Ao
longo da carreira, a banda recebeu 4 Prêmios da Música Brasileira como melhor grupo
regional; sendo indicada ao “Latin Grammy Awards” (2014), tendo recebido a
Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura pelos seus feitos culturais
ao País, também foi agraciada com o Prêmio Profissionais da Música (2015, Brasília-DF).
O grupo tem mais de 500 fonogramas registrados em LPs, CDs e DVDs, além do
lançamento de 2 livros.
“Show
Quinteto Violado 45 anos - FREE Nordestino”, dias 8 e 9 de julho, às 21 e 18
horas, Sesc Pompeia - Rua Clélia, 93, Pompeia – São Paulo.
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