quarta-feira, 5 de julho de 2017

Lá vêm os violados



Edição e revisão: Marsel Botelho







                                                                                                        A arte pela arte



É uma felicidade infinita, 31 anos depois de assistir no Teatro Apollo em Palmares (PE) à apresentação do “show” do Quinteto Violado “O Guarani”, registrar que foi lá a primeira vez que os ouvi tocar, assim como foi o primeiro deslumbramento musical de um rapaz do interior ao descobrir o que era uma banda “profissional”, conforme clichê de época. Hoje, mergulho na riquíssima história desse grupo, que celebra 45 anos de existência. A banda emergiu do cenário pós-tropicalista (1971), tecendo um cromatismo musical forjado nas experiências pessoais e intelectuais de seus integrantes, cujo trabalho intenso de pesquisa fazia com que agregassem os mais legítimos valores de uma vasta cultura popular, que influenciara o próprio Ariano Suassuna (1927-2014), que havia fundado, em 1970, o Movimento Armorial do Recife, que pretendia, a partir de raízes populares, realizar uma arte brasileira erudita, cujo impacto da proposta reverberava nas mentes criativas e promissoras dos talentosos jovens artistas do Quinteto Violado.

Inicialmente, o grupo era formado por Toinho (Antônio Alves, de Garanhuns-PE/1943-2008), Marcelo Melo, de Campina Grande (PB), Fernando Filizola (Limoeiro-PE), Luciano Pimentel (Limoeiro-PE) e (Alexandre dos Anjos, Garanhuns-PE), Sando. Em outubro de 1971, quando a banda se apresentava no Teatro da Nova Jerusalém (Fazenda Nova-PE), seus integrantes foram chamados de "os violados" por um grupo de crianças que lá estavam, nascendo daí o Quinteto Violado. Gilberto Gil os apresentou ao produtor Roberto Santana da Phonogram.

Há 45 anos, esses jovens implantaram uma grande mudança no modo de sentir e expressar a música do Nordeste do Brasil, descortinando-a ao mundo: Europa, Ásia e as Américas receberam o novo grupo de braços, olhos e ouvidos bem abertos. A estreia internacional aconteceu em 1975, no Mercado Internacional de Disco e Edição Musical (Midem), realizado na cidade de Cannes, França. A participação no evento resultou no lançamento do primeiro disco do grupo e do LP "A Feira no Japão".

Na década de 1990, passou a ser integrado por Toinho (baixo acústico, voz e direção musical), Marcelo (violão, viola), Ciano (violão, flauta, voz), Roberto Menescal (voz, bateria, percussão), Dudu (teclado e arranjos). Em maio de 2008, com a inesperada morte do integrante/fundador da banda, Toinho Alves, o grupo deu uma pausa nas apresentações, mas logo decidiu voltar aos palcos. Com um novo integrante, Thiago Fournier (baixo), gravaram o álbum intitulado "Quinto Elemento". O baixista atual é Sandro Lins.

Ao longo da carreira, a banda recebeu 4 Prêmios da Música Brasileira como melhor grupo regional; sendo indicada ao “Latin Grammy Awards” (2014), tendo recebido a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura pelos seus feitos culturais ao País, também foi agraciada com o Prêmio Profissionais da Música (2015, Brasília-DF). O grupo tem mais de 500 fonogramas registrados em LPs, CDs e DVDs, além do lançamento de 2 livros. 
“Show Quinteto Violado 45 anos - FREE Nordestino”, dias 8 e 9 de julho, às 21 e 18 horas, Sesc Pompeia - Rua Clélia, 93, Pompeia – São Paulo.

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