quarta-feira, 28 de junho de 2017

Saturno


Edição e revisão: Marsel Botelho
Foto:Valeria Zapello






                                                            O berço musical e poético dos Teixeiras lhe foi doado



Ninguém faz curso para ser poeta: a palavra e a melodia versejam cantigas e cânticos a Chico Teixeira com a mesma intimidade dos sonhos, parecem ter vindos de algum recanto inefável que demarca o ser e seu dom de traduzir a vida em poemas e canções. Palavra e música tornaram-se suas amigas e parceiras e até a mais vã filosofia recusaria conceber que isso tudo seja apenas uma mera confluência genética por ser filho do consagrado artista Renato Teixeira. Chico é artista completo, nada lhe falta como músico, compositor e cantor. Sua herança artística, que se faz presente em sua obra, torna-o mais forte, mais criterioso e mais ousado. “Saturno”, com 10 faixas, é seu terceiro álbum, cuja produção também assina. A mixagem e a masterização têm a mão de um dos maiores especialistas no assunto, Ricardo Cavalheira (Franja).

O álbum abre com a música título “Saturno” (João Lavraz), que dá nome ao CD. A canção foi composta por João Lavraz, seu irmão mais novo, falecido em 01/11/14: de acordo com Chico, a música é um resgate e lhe dá a sensação de proximidade com o irmão, nessa viagem que os harmônicos da melodia permitem fazer quando permeiam a pele mais fina da sensibilidade humana. Creio que a letra de João Lavraz exprime o quanto de sentimento os “Teixeira” são capazes de absorver, transformar e o devolver em forma de canção: “Faz algum tempo, eu vi algo no céu/Talvez seja distante/Pode ser logo ali/Não tive medo, e pensei/É tão lindo quando a gente senta e olha pro espaço e se sente pequenino/Saturno é onde vamos morar.” A segunda faixa é “Song Swan” (Geraldo Roca, 1954-2015): Roca foi compositor brilhante e é dele, em parceira com Paulo Simões, o hino “Trem do Pantanal”. Song Swan” é o canto do cisne em seu leito de morte: “A letra trata do conflito entre monges tibetanos e o governo chinês. Tem mitologia grega também”, explica Chico.

 “Chama da floresta” (CT) traz influências da música do interior: pagodes de viola e algo de raiz que chega até os tambores africanos, com forte influência do “Samba de Chula” do recôncavo baiano. A letra fala de um viajante que volta para casa, para sua família, encontrando seu porto seguro, seus mais profundos laços, relata o autor da canção. Carregada de amizade, positividade e fé, a canção “A vida é feita de sonhos” foi composta em parceria com João Carreiro, que a canta em dueto com Chico. “Tarde de maio” celebra a primeira parceria com a compositora e cantora Roberta Campos (se a primeira foi assim, imaginem as outras que virão). “Fica com Deus no peito” (Chico e Renato Teixeira): saudade, superação e fé é a tríade dessa canção emocionante, que exara uma poderosa energia retirada da esperança que alimenta toda travessia de vida no mundo, que integra o desenvolvimento e a formação de nossa espiritualidade. Em “Mãe da lua” (Chico Teixeira/Jayme Monjardim), o artista tem a participação de Irene Antienza e Carolina Delleva, certamente candidata ao tema mais bonito do disco. Tudo isso e muito mais você pode ouvir no lançamento de “Saturno”, dentro do projeto “Talento MPB”, no Bar Brama. Avenida São João com a Ipiranga.

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